25 de abr. de 2021

Liderança no mundo corporativo: será que estamos evoluindo ou só mudando a “embalagem do pacote”?

De uns anos para cá, com a vida das pessoas se tornando um constante “Big Brother” de exposição nas mídias sociais, virou rotina encontrar posts no timeline dos nossos smarthphones com mensagens inspiradoras do tipo “como ser um bom líder”, “como inspirar os outros”, “como abraçar a diversidade no ambiente de trabalho” e etc.

Estando perto de completar 20 anos de carreira como executivo, confesso que tenho ficado frustrado de ver estas mensagens. Tudo bem, algumas chamam minha atenção pela profundidade. Mas a maioria me parece apenas a “embalagem do pacote”. Bonita por fora, mas quando você vai abrir e ver o que tem dentro, acaba se decepcionando...

Vamos olhar alguns exemplos:



Líder “de verdade”. Note que já parte do pressuposto de que existe um “jeito certo de liderar”.

E para quê tantas perguntas? 14! A lógica de que quanto mais melhor...ou seria por quê liderança é algo difícil que com poucas perguntas não dá para saber se você é um líder de verdade?  



Imagens dizem mais do que mil palavras, já dizia o ditado. Então a imagem aqui está querendo dizer que o líder é “especial”? Ele (a) tem que ir na frente e com um título (ou cor do barquinho) que vai fazer se diferenciar do resto?

O que dizer da lista de hábitos? Outra tendência atual, que é a de colocar o líder como uma espécie de Mulher Maravilha ou Super-Homem. Alguém “perfeito”, que só tem qualidades. Utopia.

Nunca se falou tanto de liderança. Nunca vimos por aí tantos “coaches” ou “mentores”, propagando aos 4 ventos as “Leis Universais que todo bom líder precisa adotar”.

Por outro lado, me pergunto (será que sou o único?), onde está o NOVO JEITO DE LIDERAR?

Na política, definitivamente não.

Por outro lado, se os Políticos, como disse o ex-presidente Barack Obama, tendem a ser um espelho que reflete as forças presentes na sociedade, parece que os líderes por aí, no mundo corporativo inclusive, estão bem longe de serem Super-Heróis.

Que tal começar a olhar mais para o tipo de líder que nós somos?

Quanto mais velho eu fico, agora com 40 anos e uma filha de 7, mais percebo o quanto eu errei e continuo errando. Noto que eu seria um líder bem diferente se pudesse voltar no tempo. Teria tido mais paciência, visão de longo prazo e menos “opiniões prontas” sobre as coisas.

Ao longo dos anos, conforme fui ganhando mais experiência em liderar equipes (principalmente sem autoridade, o que é mais difícil e interessante), comecei a incorporar um novo jeito de enxergar minha função. Deixo aqui alguns dos pilares que hoje em dia eu procuro respeitar:

· Todo mundo pode ser um líder. Liderança natural não existe. Nem depende necessariamente do cargo que a pessoa ocupa. Muitos dos melhores líderes que já vi estão em funções de linha de frente com o cliente;

· Não existe “fórmula mágica”, nem o “jeito certo de liderar”. Existe liderança que “funciona” para o que as pessoas e as organizações estão buscando no curto, médio e longo prazo. E a que “não funciona”...;

· Como a gente observa nosso mundo faz toda a diferença. O mundo é como a gente observa ele. Por isso, autoconhecimento acaba sendo o fator chave de uma liderança que “funciona” no longo prazo. Um líder que se conhece sabe que o estado emocional em que ele (a) está, as crenças dominantes e a energia que ele (a) têm (ou não têm), vão influenciar como ele (a) vê as coisas (performance da equipe, resultados, etc) e as decisões que irá tomar;

· Seja no Brasil, Estados Unidos, Europa, em qualquer lugar, Ser Humano precisa de reconhecimento (próprio e dos outros) e de propósito (por que estou fazendo isso?) para continuar a “entregar com qualidade” no longo prazo

E a lista continua. Como falei, não existe fórmula pronta.

O mundo corporativo está cheio de líderes do estilo “pacote bonito, mas pouco conteúdo”. Até quando você vai continuar se estressando com isso? Que tal aceitar que não cabe a você mudar os outros?

Que tipo de líder VOCÊ quer ser?

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