Estamos em 2014 mas em se tratando da gestão das organizações parece que paramos no tempo.
Pequenas, médias ou grandes empresas sofrem dos mesmos problemas:
- Funcionários desmotivados e sem engajamento com as metas e estratégias da organização;
- Ruim (às vezes péssimo) nível de atendimento aos clientes;
- Produtos/serviços pouco inovadores;
- Corrupção financeira e moral;
Por quê chegamos a este ponto?
Da mesma forma que as escolas continuam educando nossos filhos como faziam há 200 anos atrás, a imensa maioria das empresas ainda é conduzida segundo princípios da Era Industrial.
Em meus 14 anos de vida corporativa, tive 10 chefes diferentes. Embora seja um desafio, esta troca constante de gestores é hoje é uma realidade para muita gente. A cada troca, você precisa se provar, mostrar seu valor. Por outro lado, sempre aprende com os diferentes estilos.
Aliar os aprendizados com outros gestores ao seu próprio processo de auto conhecimento e desenvolvimento profissional é uma das fórmulas para ter uma boa carreira. Este processo nunca pára em bons profissionais. Podem ser sênior em suas funções mas estão sempre aprendendo.
Com base em meus aprendizados ao trabalhar com outras pessoas, leituras e práticas com minhas equipes, desenvolvi um estilo de gestão baseado em 3 pilares: propósito, liderança e execução com excelência.
Logo de início quero dizer que não acredito que estes 3 pilares são a fórmula mágica e o melhor estilo de gestão do Universo. Não acredito nos autores que vendem fórmulas prontas e soluções definitivas. Estes pilares aplicados à gestão de times são apenas o fruto de meus aprendizados e práticas.
PROPÓSITO
É a base de qualquer empresa, equipe ou funcionário com alta performance sustentada (às vezes falamos muito de crescimento a curto prazo, mas o valor está na consistência a longo prazo). Entender e se conectar constantemente com o propósito do negócio e do indivíduo é fundamental para o sucesso.
Como criar uma cultura organizacional que incentive esta conexão com o propósito?
Crie grupos de discussão nas reuniões, indique leituras à respeito da importância do propósito em nossas vidas e para a organização, estimule uma comunicação aberta e transparente sobre o que funciona e principalmente sobre o que não funciona dentro da empresa.
Uma ferramenta essencial para despertar a reflexão sobre o propósito são as perguntas. Aqui vão algumas:
- Qual o legado de nossa organização?
- Se algum dia nossa organização acabar, faremos falta ao mercado? Ou somos apenas mais um player que deixou de existir?
- Do quê me orgulho em fazer parte desta organização?
Um bom caso sobre propósito é estudar o Nosso Credo da Johnson & Johnson, um documento criado em 1943 e que até hoje é discutido, aplicado e utilizado como guia para que a J&J se mantenha fiel ao seu propósito. Não é à toa que a empresa tem sido bem sucedida há mais de 1 século e hoje é a maior empresa de cuidados com a saúde do mundo.
LIDERANÇA
Muito se fala sobre liderança mas na prática a maioria das pessoas ainda vê liderança com a visão e preconceitos do século XX. Para esta mentalidade atrasada liderança é atributo exclusivo de poucos escolhidos, "nascidos para liderar".
No século XXI veremos cada vez mais o conceito moderno de liderança: um mundo no qual TODOS podem ser líderes, independente das funções que ocupam na sociedade ou empresa.
Liderança não significa hierarquia, aliás os melhores líderes são aqueles que conquistam seus times e não impõem as decisões.
As organizações modernas precisam cada vez mais de uma cultura na qual TODOS sejam líderes. Líderes democráticos, que saibam ouvir e trabalhar em equipe. Líderes autênticos, que saibam ter conversar difíceis com suas equipes/pares e ao mesmo crie condições para que os que estão ao seu redor se motivem. Líderes que saibam delegar e desenvolver a liderança nos outros.
E no que se refere à gestão de pessoas, vale a reflexão: você é (ou está se tornando) um bom gerente ou um bom líder?
EXECUÇÃO COM EXCELÊNCIA
Dos 3 pilares, este talvez seja o mais renegado pelas organizações. Muito se fala de liderança e até de propósito. A execução, no entanto, é vista muitas vezes como algo menor, algo a ser feito somente pela base da organização.
Você já parou para pensar qual o percentual daquele plano de negócios que está numa apresentação de PowerPoint que realmente "vai para a rua", ou seja, é executado no dia a dia? Na minha experiência, este número está entre 30 e 40% somente.
Talvez por isso o nível dos produtos e serviços seja tão ruim no Brasil (tanto no setor privado quanto público). Ninguém se preocupa com uma execução de excelência.
Por quê a qualidade da execução é tão baixa no Brasil?
1) A imensa maioria dos funcionários não tem a mínima noção do seu propósito de vida e como isso se conecta com o propósito da organização (se é que a empresa tem um propósito claro);
2) Esta mesma maioria não despertou sua liderança e continua acreditando que chefe = líder;
3) Sem propósito e liderança, como é que teremos uma execução com qualidade? Impossível!
Há organizações que se destacam em termos de execução. Minha recomendação é que você estude estes casos de sucesso (recomendo Natura e Toyota) e busque aplicar os princípios gerais em sua empresa.
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