Durante o
período em que vivi na Inglaterra um dos meus passatempos favoritos era
visitar museus. Como morava perto de Londres, sempre aproveitava para desfrutar
as maravilhas que dos museus britânicos (que sempre estão entre os
melhores do mundo e ainda por cima são gratuitos).
Um dia
decidi visitar o Churchill War Rooms, um verdadeiro quartel general subterrâneo
criado pelas forças armadas britânicas em 1939 para proteger seu primeiro
ministro (à época Winston Churchill) e seus principais generais, além de servir
como base para as decisões sobre como o Reino Unido iria se defender dos
bombardeios alemães durante a Segunda Guerra Mundial.
Esta "mini cidade
subterrânea" proporcionava a cada general um quarto, embora modesto. Havia
também uma sala de mapas, onde especialistas produziam mapas e gráficos
atualizados sobre o andamento da guerra. Demais salas eram utilizadas para
reuniões entre Churchill e seus generais decidirem os rumos da guerra.
Outra
curiosidade era uma sala onde foi instalado um enorme equipamento de última
geração. Nada mais do que uma linha telefônica sigilosa, que permitia
ligações diretas entre Churchill e o presidente dos Estados Unidos, Franklin
Roosevelt.
Este quartel
general subterrâneo ficava a poucos metros do Parlamento Britânico e do Big
Ben.
Recomendo a
visita a qualquer amante de museus.
Olhando
para a maneira como a guerra era administrada naquela época (início dos anos
1940) e fazendo um paralelo com a gestão das organizações atuais, é
interessante notar como a diretoria de muitas empresas ainda funciona como um
verdadeiro bunker de guerra. Um grupo de “sábios” da organização se isola em
uma sala (geralmente não no subterrâneo mas sim no topo do prédio) e de lá
decidem tomar as principais decisões que irão afetar o futuro da empresa.
Este modelo
de liderança geralmente tem pouca ou nenhuma conexão com o “mundo real”.
De 1939 a
1945 este modelo hierárquico de liderança funcionou e os ingleses e americanos
venceram a guerra.
Mas será
que alguém se esqueceu de avisar os líderes de hoje em dia que já se passaram
mais de 60 anos?
Como alguém
que fica trancado numa sala no topo do prédio, sem visitar clientes, acessar
redes sociais e ver o “mundo real” poderá tomar boas decisões?
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